Audiência Jubilar
14 Maio 2016 (Save to calendar)
Praça São Pedro
Em resposta a pedidos chegados das Dioceses e de outras realidades eclesiais, o Santo Padre concede algumas Especiais Audiências Jubilares que terão lugar no dia de Sábado.
JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA
PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA JUBILAR
Sábado, 14 de Maio de 2016
Bom dia, caros irmãos e irmãs!
O dia não parece muito bom, mas vós sois corajosos e viestes não obstante a chuva. Obrigado! Esta audiência realiza-se em dois lugares: devido à chuva, os enfermos estão na sala Paulo VI: ali eles sentem-se mais à-vontade e através de uma grande tela acompanham-nos, a nós que estamos aqui. Encontramo-nos unidos, nós e eles, e faço-vos a proposta de os saudar com um aplauso. Não é fácil fazer um aplauso com o guarda-chuva na mão!
Entre os numerosos aspetos da misericórdia, há um que consiste em sentir piedade ou dó de quantos têm necessidade de amor. Apietas — a piedade — é um conceito presente no mundo greco-romano, no qual indicava contudo um gesto de submissão aos superiores: antes de tudo, a devoção devida aos deuses, depois o respeito dos filhos pelos pais, sobretudo pelos idosos. Hoje, ao contrário, devemos estar atentos a não identificar a piedade com aquele pietismo, bastante difundido, que é somente uma emoção superficial e ofende a dignidade do outro. Do mesmo modo, a piedade também não pode ser confundida com a compaixão que sentimos pelos animais que vivem ao nosso lado; com efeito, às vezes temos este sentimento pelos animais, mas permanecemos indiferentes diante dos sofrimentos dos irmãos. Quantas vezes vemos pessoas muito apegadas a gatos e a cães, mas que não ajudam o vizinho, a vizinha em necessidade... Assim não pode ser!
A piedade da qual queremos falar é uma manifestação da misericórdia de Deus. É um dos sete dons do Espírito Santo que o Senhor oferece aos seus discípulos para os tornar «dóceis, na obediência pronta, às inspirações divinas» (Catecismo da Igreja Católica, 1830). Nos Evangelhos é muitas vezes citado o clamor espontâneo que as pessoas doentes, endemoninhadas, pobres ou aflitas dirigem a Jesus: «Tem piedade!» (cf. Mc 10, 47-48; Mt 15, 22; 17, 15). A todos Jesus respondia com o olhar da misericórdia e com o alívio da sua presença. Em tais invocações de ajuda, ou súplicas de piedade, cada um manifestava inclusive a própria fé em Jesus, chamando-lhe «Mestre», «Filho de David», «Senhor». Intuíam que nele havia algo extraordinário, que os podia ajudar a sair da condição de tristeza em que se encontravam. Sentiam nele o amor do próprio Deus. E até quando a multidão se aglomerava, Jesus ouvia aquelas invocações de piedade e sentia compaixão, principalmente quando via pessoas sofredoras e feridas na sua dignidade, como no caso da hemorroíssa (cfr. Mc 5, 32). Ele chamava as pessoas a terem confiança nele e na sua Palavra (cf. Jo 6, 48-55). Para Jesus, sentir piedade equivale a compartilhar a tristeza de quantos o encontram, mas ao mesmo tempo a agir pessoalmente para a transformar em alegria.
Também nós somos chamados a cultivar em nós atitudes de piedade diante de tantas situações da vida, libertando-nos da indiferença que impede o reconhecimento das exigências dos irmãos que nos circundam, e livrando-nos da escravidão do bem-estar material (cf. 1 Tm 6, 3-8).
Contemplemos o exemplo da Virgem Maria, que cuida de cada um dos seus filhos e para nós crentes é ícone da piedade. Dante Alighieri exprime-o na prece a Nossa Senhora, posta no ápice do Paraíso: «Em ti misericórdia, em ti piedade [...] em ti se reúne toda a bondade que existe na criatura» (XXXIII, 19-21). Obrigado!
Saudações
Uma cordial saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos fiéis da Missão Católica Portuguesa de Friburgo na Suíça, e ao grupo brasileiro do Santuário Jardim da Imaculada, de Cidade Ocidental. Este mês de Maria convida-nos a multiplicar diariamente os atos de devoção e imitação da Mãe de Deus. Rezai o terço todos os dias! Deixai a Virgem Mãe possuir o vosso coração, confiando-lhe tudo quanto sois e tendes! E Deus será tudo em todos... Assim Deus vos abençoe, a vós e aos vossos entes queridos!